Histologia do hiperinsulinismo congênito

Nos últimos anos, a doença tornou-se conhecida como hiperinsulinismo congênito e apresenta diferentes formas que podem afetar todo o pâncreas ou apenas uma área focal. Essas formas da doença têm histologia e mecanismos moleculares diferentes, embora o quadro clínico do paciente possa ser semelhante, mas o tratamento e o prognóstico são radicalmente diferentes.

Histologicamente, são conhecidas três formas de hiperinsulinismo congênito (HI): difuso, focal e atípico.

HIPERINSULINISMO DIFUSO

A forma difusa constitui cerca de 50-60% dos casos de HI e pode ser herdada, na maioria dos casos, de forma autossômica recessiva (mutação em ambas as cópias do gene, uma cópia mutada é herdada de cada um dos pais, os pais não são afetados, mas apenas carregam a mutação), ou de forma autossômica dominante (uma mutação em apenas uma cópia do gene) ou ocorrer esporadicamente.

No hiperinsulinismo difuso, todo o pâncreas é afetado. Ou seja: as células beta têm núcleos anormais ou hipertrofiados em todo o órgão e todas as células têm secreção desregulada de insulina.

Esses casos exigirão tratamento médico e/ou cirúrgico. A maioria dos centros de referência opta por terapias mais conservadoras e reserva a terapia cirúrgica para os casos em que os pacientes apresentam hipoglicemia grave recorrente, apesar do tratamento médico e nutricional específico, ou para os casos em que os efeitos colaterais da medicação não são tolerados. O tratamento cirúrgico consiste em uma pancreatectomia subtotal, pois todo o pâncreas está hiperfuncionando.

Embora na maioria desses casos haja uma melhora no controle da hipoglicemia após a operação, as crianças submetidas à operação acabam desenvolvendo diabetes mellitus insulino-dependente mais cedo ou mais tarde (especialmente após a puberdade) devido à diminuição da massa pancreática, exigindo, portanto, a administração de insulina anos após a operação; Deve-se observar também que, após a operação, 40% a 50% dos pacientes continuam a precisar de alguma forma de tratamento médico de apoio porque persistem com hipoglicemia apesar da pancreatectomia.

TREINAMENTO ON-LINE

CURSO BÁSICO DE HI

Saiba mais sobre hiperinsulinismo congênito e hipoglicemias

HIPERINSULINISMO FOCAL

A HI do tipo focal ocorre em 40 a 50% dos casos e é geneticamente devida a um mecanismo duplo: uma mutação em um alelo paterno (genes ABCC8 ou KCNJ11) em conjunto com uma perda de heterozigosidade (perda somática da região p15 do cromossomo 11 materno durante o desenvolvimento fetal).

Esses pacientes herdam recessivamente uma mutação paterna no gene ABCC8 ou KCNJ11. Durante o desenvolvimento pancreático, uma única célula precursora perde o alelo materno no cromossomo 11p15, de modo que a progênie dessa célula terá apenas genes mutantes SUR1 e também não terá os genes supressores de crescimento impressos no alelo materno perdido (LOH).

O resultado é uma lesão proliferativa focal composta de células β secretoras de insulina desreguladas.

As lesões focais geralmente são pequenas (5 a 12 mm) e afetam uma área específica do pâncreas, ou seja, as células anormais estão confinadas à lesão focal e cercadas por células beta normais.

Na presença de uma lesão focal, a remoção cirúrgica é sempre indicada, pois se o foco for completamente eliminado, a criança estará curada e o restante do pâncreas permanecerá intacto.

As lesões focais geralmente têm pequenas ramificações e microssatélites nas proximidades; embora esses sejam casos raros, é importante estar ciente de que, às vezes, essas lesões focais podem ser muito grandes ou pode haver um segundo foco que, às vezes, está oculto ou não é visualizado no exame de PET-CT, o que pode dificultar a cura inicial de alguns casos classificados como focais após a cirurgia e pode exigir uma segunda operação.

Diagnóstico de formas focais

As formas focais ou difusas de HI são clinicamente indistinguíveis, e a tomografia por emissão de pósitrons (PET) com L-DOPA marcado com 18-fluorina (18-F-fluor-DOPA) é necessária para identificá-las. O PET-SCAN com 18-Fluor-DOPA é o teste de diagnóstico mais preciso para localizar lesões pancreáticas; outros métodos, como a estimulação arterial seletiva de cálcio e o cateterismo seletivo de insulina, são invasivos, complexos e de valor preditivo limitado.

O PET-SCAN é um exame radiológico atualmente disponível em vários centros espanhóis, mas o marcador isotópico 18Fluor-Dopa específico para casos de hiperinsulinismo congênito para identificar a lesão focal hiperfuncionante é altamente instável e apenas alguns centros o possuem. Também é importante saber que a experiência em HIC é necessária para a interpretação correta das imagens, uma vez que o diagnóstico de 18-F-fluor-DOPA marcará a decisão de intervir no paciente e deverá orientar o cirurgião a remover a lesão focal.

A distinção entre as formas de hiperinsulinismo congênito é essencial tanto para a estratégia terapêutica quanto para o prognóstico. A ressecção das formas focais curará o paciente na maioria dos casos.

Essas operações são complexas e exigem coordenação multidisciplinar entre a equipe cirúrgica, o radiologista especializado em medicina nuclear e o patologista anatômico, pois durante a operação devem ser realizados vários exames de tecido altamente precisos para determinar as margens da lesão patológica. É essencial que a ressecção seja a mais completa possível, pois se alguma parte da lesão permanecer, por menor que seja, ainda haverá um foco e isso pode impedir a cura.

HIPERINSULINISMO ATÍPICO

Há casos que não podem ser claramente classificados como uma forma focal ou difusa, pois apresentam características histológicas diferentes. Essa forma de HIC apresenta dois tipos de histologia simultaneamente no pâncreas, áreas de núcleos de células beta aumentados em alguns lóbulos adjacentes combinadas com áreas de morfologia diferente com células de aparência menor distribuídas por todo o pâncreas, o que levou à sugestão de mosaicismo.

Esses casos têm características clínicas que os diferenciam da HI difusa ou focal, como início mais tardio, pacientes que geralmente não têm alto peso ao nascer (macrossomos) e sensibilidade relativa ao diazóxido no início da doença, que diminui com o tempo. Mutações nos canais de potássio (ABCC8 ou KCNJ11) geralmente não são encontradas nesses pacientes.

Embora a literatura ainda seja limitada, alguns desses pacientes podem ser curados por cirurgia com pancreatectomia parcial, mas em um número não negligenciável de pacientes a doença persiste após a cirurgia.

Fontes

– Congenital Hyperinsulinism International.
– Hiperinsulinismo Congénito Argentina – Tipos histológicos del HIC.
– Alianza para la colaboración en el Hiperinsulinismo Congénito (Alemania).
– Hiperinsulinismo Congénito: Conceptos, diagnóstico y tratamiento (Dr. Eduardo R.Guzmán, Lic. Elizabeth K.Malament).

VOCÊ ESTÁ INTERESSADO?

PARTICIPAR DA LISTA

E receba todas as últimas notícias sobre hiperinsulinismo congênito.

Você pode estar interessado em

Hipoglicemia e seus sintomas

A hipoglicemia é uma queda no nível de açúcar no sangue e gera uma série de sintomas desagradáveis de alerta.

Se eles não forem atendidos, o corpo começa a apresentar outros sintomas mais graves, que são consequência da falta de glicose no sistema nervoso central.

Se você tem hiperinsulinismo congênito ou convive com alguém que tem, é essencial conhecer os sintomas para que possa agir rapidamente em caso de hipoglicemia.

Rezolute RZ358

A Rezolute, Inc. é uma empresa biofarmacêutica que desenvolve terapias transformadoras para doenças metabólicas associadas ao desequilíbrio crônico da glicose.

O principal ativo clínico da empresa, o RZ358, entrará na Fase 3 de desenvolvimento para o tratamento do hiperinsulinismo congênito (HI), para o qual o recrutamento de pacientes começará nos próximos meses.

Contate-nos
nós o ajudamos

Se desejar obter mais informações sobre hiperinsulinismo congênito ou precisar de ajuda, não hesite em entrar em contato conosco.

Telefone

+34.930.196.130

CORREIO ELETRÔNICO

info@hiperinsulinismocongenito.org